
A Polícia Civil do Rio de Janeiro (RJ) deflagrou, nesta sexta-feira (8), uma operação para desarticular um app de transporte clandestino criado pelo Comando Vermelho e utilizado para financiar o tráfico de drogas na Vila Kennedy, na Zona Oeste da capital. Segundo a corporação, mais de 300 mototaxistas estavam cadastrados no sistema, que gerava lucros mensais de até R$ 1 milhão para a organização criminosa.
As investigações revelam que os mototaxistas eram coagidos a instalar e utilizar o aplicativo, enquanto motoristas de outras plataformas eram impedidos de atuar na região. Com isso, moradores tinham o app clandestino como única opção de transporte. Batizado de Rotax Mobili, o aplicativo chegou a estar disponível para download na Google Play Store, mas foi retirado do ar, segundo a Veja.

Como funcionava o app milionário do crime
- De acordo com a Polícia, o esquema era estruturado em dois núcleos:
- Um dedicado à coerção e ao controle dos motoristas, mediante ameaças e extorsões;
- E outro responsável por receber e administrar os valores arrecadados, destinados integralmente ao chefe do tráfico local.
- O grupo de intimidação e coação faziam circular, entre os mototaxistas, mensagens como esta: “Só para lembrar que é para todos baixar. Quem não tiver com o aplicativo, infelizmente não vai trabalhar. Quem não baixar para estar se adaptando ao sistema, já pode parar de rodar”;
- Os moradores até recebiam uma propaganda ao estilo dos apps oficiais: “O único aplicativo de viagens de carro e moto que passa pela barricada e te deixa na porta de casa”;
- A operação, conduzida pelo Departamento-Geral de Polícia da Capital (DGPC), resultou em, pelo menos, quatro pessoas presas;
- Ao todo, foram cumpridos sete mandados de prisão temporária e 12 de busca e apreensão em comércios de fachada e residências localizadas na Zona Oeste do Rio, em Niterói (RJ) e no interior do Estado.
De acordo com a investigação, o app foi construído por programadores profissionais contratados pelos criminosos. Antes de a polícia desmontar o esquema, os bandidos queriam expandir a área de cobertura da plataforma para outras áreas sob controle da facção criminosa.
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O Jornal Nacional ouviu moradores do bairro após a polícia desativar o aplicativo. Eles disseram que, mesmo sem o app, apenas motoristas autorizados pelos criminosos podem circular na região.
Situação pode continuar igual mesmo após operação
Em entrevista ao JN, o delegado responsável pelo caso, Alexandre Cardoso, deu uma dimensão do esquema. “Esse aplicativo funcionou por um período de três meses. Dentro desse período, eles coagiram de 300 a 400 mototaxistas“, explicou.
“Na verdade, o que eles estão vendendo é licença para você poder atuar no território que eles mandam. Internet, entregas, pessoas circulando, negócios, eles vão cada vez cobrar mais. E cada vez vai sofisticando também”, explicou, ao JN, Guaracy Mingardi, membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
“Enquanto eles tiverem condições de manter o território sob seu controle, eles vão mudando a modalidade e podem criar outro aplicativo amanhã. Daí depois de amanhã é derrubado. Eles criam um outro, eles vão continuar fazendo enquanto puderem“, ressaltou Mingardi.
A ação foi coordenada pela 34ª DP (Bangu) e contou com o apoio do 2º Departamento de Polícia de Área (DPA), da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), do Departamento-Geral de Polícia Especializada (DGPE), do Departamento-Geral de Polícia da Baixada (DGPB) e do Departamento-Geral de Polícia do Interior (DGPI).

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