
A nova rodada de tarifas anunciada pelo presidente Donald Trump tem levado setores empresariais dos Estados Unidos a intensificar a busca por isenções junto à Casa Branca. A avaliação é do professor da Universidade George Washington e sócio do fundo Zaftra, Maurício Moura.
“Na verdade, nada é final aqui em Washington. A coisa está bastante fluida”, disse Moura em entrevista ao Radar, do Times Brasil – Licenciado Exclusivo CNBC, ao comentar a movimentação do governo americano após o anúncio de novas medidas comerciais.
Segundo o especialista, a dinâmica atual da política tarifária dos EUA é marcada pela negociação de exceções específicas, com forte participação do setor privado. “A negociação está nas exceções, e cada setor agora faz seu caso de por que merece tarifa mais baixa ou isenção”, afirmou.
Entre os setores que conseguiram êxito até o momento, Moura citou o farmacêutico e o de aviação, destacando o caso da Embraer. Ele também observou que a pressão do setor privado americano tem levado o governo a recuar em algumas decisões.
Judicialização e incertezas sobre legalidade das tarifas
A política tarifária atual enfrenta questionamentos jurídicos. De acordo com Moura, doze estados americanos, todos governados por democratas, além de empresas privadas, ajuizaram ações questionando a legalidade das tarifas.
“Os argumentos usados pela Casa Branca, inclusive no caso do Brasil, são considerados frágeis por especialistas jurídicos”, afirmou. Ele destacou que o processo foi iniciado em tribunal de apelação e deve levar de 10 a 12 meses até uma decisão final, podendo chegar à Suprema Corte.
Mesmo com a atual composição da Corte sendo majoritariamente conservadora e com ministros indicados por Trump, Moura ressalta que, neste caso específico, há uma percepção generalizada, inclusive entre juízes conservadores, de que o governo utilizou argumentos jurídicos de forma forçada.
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Impacto inflacionário ainda não é visível, mas deve crescer
Segundo Moura, ainda não se observou um impacto inflacionário direto decorrente das tarifas. Ele mencionou duas correntes de pensamento entre economistas americanos: a primeira aponta que o estoque elevado no varejo e em setores como automotivo e eletrônico tem amortecido os efeitos; a segunda sugere que os serviços — que representam dois terços do índice inflacionário — vêm apresentando queda de preços, o que tem compensado eventuais aumentos nos produtos.
A expectativa, porém, é de que os efeitos das tarifas se tornem mais visíveis no último trimestre deste ano e no primeiro trimestre de 2026, período de compras de fim de ano e início de novo ciclo de consumo.
Efeitos políticos e estratégias de isenção
Questionado sobre os possíveis efeitos políticos das tarifas, Moura afirmou que um aumento nos preços de itens consumidos por famílias de baixa renda pode afetar a popularidade do governo. “Principalmente se isso atingir o núcleo de eleitores do Trump, que é de baixa renda e baixa escolaridade”, disse.
Nesse contexto, o governo americano tem reagido de forma seletiva. Moura citou o caso do café brasileiro como exemplo de possível isenção. “Há uma probabilidade grande de o café brasileiro conseguir isenção, porque é um produto difícil de substituir e faz parte da cesta de consumo dos americanos”, afirmou.
No caso das carnes, a avaliação é mais cautelosa, devido à concorrência com a indústria local. “Apesar da indústria americana de carne estar em retração, a questão é mais complexa por haver concorrência doméstica”, avaliou.
Para Moura, o padrão que tem se estabelecido em Washington é o da negociação individualizada, setor por setor. “O que tem sido efetivo aqui é a negociação por parte do setor privado americano”, concluiu.
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