
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, descartou as especulações de que a liderança do Brasil no BRICS teria motivado as tarifas de 50% impostas pelo presidente dos EUA, Donald Trump, contra as exportações brasileiras para o país.
Haddad disse que alguns países fundadores do bloco têm relações mais tensas com Washington – como Índia, China e África do Sul – porém não receberam uma taxação como a imposta pelo Brasil. A declaração foi feita em entrevista à BandNews.
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“Se isso fosse verdade, a Índia, a China e a África do Sul teriam sido taxados em 50%”, afirmou Haddad, lembrando que o Brasil recebeu a cúpula do bloco no Rio de Janeiro em julho, mas que outros membros mantêm disputas comerciais históricas com os EUA, sem citar a Rússia.
Mais além, Haddad reforçou a importância do BRICS para a economia brasileira: “o bloco é hoje o maior destino das exportações brasileiras, enquanto temos déficit com os Estados Unidos”. Os dados, segundo ele, desmontam a narrativa geopolítica: “nem por isso os EUA taxaram os países do BRICS, com os quais têm muito mais divergência do que conosco”.
Terras raras e minerais críticos surgem como moeda de troca
Haddad ainda levantou a questão dos minerais raros como uma carta na manga para a negociação com os EUA: o segmento, estratégico para os norte-americanos para um desenvolvimento maior de sua indústria tecnológica, tem recursos naturais abundantes no território brasileiro.
“Temos minerais críticos e terras raras”, comentou Haddad. Os Estados Unidos não são ricos nesses minerais; podemos fazer acordos de cooperação para produzir baterias mais eficientes”. A declaração sinaliza disposição para negociar setores específicos durante as conversas sobre o “tarifaço”, sugerindo contrapartidas tecnológicas.
Os chamados minerais críticos – categoria que inclui lítio, cobalto, níquel e terras raras – são insumos vitais para indústrias de ponta. Segundo Haddad, sua aplicação em baterias elétricas, turbinas eólicas, painéis solares e semicondutores os tornam ativos geopolíticos capazes de reequilibrar a relação bilateral.
Apenas 4% das exportações sob risco imediato, mas efeito micro preocupa
Ao detalhar o impacto prático das tarifas, Haddad fez uma distinção crucial entre vulnerabilidades macro e microeconômicas. Embora 12% das exportações brasileiras tenham como destino os EUA, apenas um terço desse montante – equivalente a 4% do total exportado – representa preocupação imediata.
“O que preocupa mais é […] 4% das nossas exportações”, justificou, referindo-se a produtos com dificuldade de reajuste rápido. Para commodities como minério e agrícolas, o ministro mostrou confiança: “elas podem ser redirecionadas a outros mercados”, lembrando a diversificação proporcionada pelo BRICS.
Essa percepção não vem à toa: na última semana, a China autorizou 183 empresas brasileiras a exportarem café e outros insumos para a nação asiática, posicionando-se como uma opção viável ao tarifaço de Trump.
Em entrevista ao Times Brasil – Licenciado Exclusivo CNBC, nesta segunda-feira, o professor de Agronegócios e Cadeias de Valor na Fecap ecoou essa ideia, embora tenha ressaltado a necessidade de cautela: “a habilitação do Brasil para a venda de café na China não deve acontecer de forma tempestiva. Mas o fato da China sinalizar essa habilitação já é um bom começo para as empresas brasileiras pensarem em redirecionar seus mercados e seus envios para outros compradores”, ele comentou.
Haddad também alertou que o tarifaço pode trazer danos colaterais aos próprios EUA: “a situação do consumidor de café dos EUA já vem sendo sentida com a taxa”. A observação reforça sua tese de que o impacto é “mais micro do que macroeconômico”, com inflação de produtos específicos atingindo cidadãos americanos – um contra-ataque retórico à política de Trump.
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O post Haddad descarta que BRICS motivou tarifa: “se isso fosse verdade, Índia, China e África do Sul teriam sido taxados em 50%” apareceu primeiro em Times Brasil- Licenciado Exclusivo CNBC.