Florianópolis terá 2600 novas árvores com projeto de recuperação da UFSC

A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) deu início a uma importante transformação ambiental no campus Trindade, em Florianópolis. Após mais de 12 anos de planejamento, começou a fase de execução do Projeto de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD-TRI). A iniciativa promete mudar a paisagem e melhorar significativamente a qualidade das águas dos córregos que atravessam o campus, além de restaurar áreas verdes e promover educação ambiental.

O projeto é fruto de uma decisão judicial que obriga a UFSC a recuperar as Áreas de Preservação Permanente (APP), com ações que vão desde o plantio de árvores até a correção da rede de esgoto e o cercamento das áreas protegidas. A ideia é não só reparar os danos ambientais acumulados ao longo dos anos, mas também criar um ambiente mais saudável e sustentável para toda a comunidade.

A transformação já começou a ser percebida. Só na última ação, foram plantadas cerca de 100 mudas de espécies nativas em uma área próxima ao Alojamento Indígena. Mas o trabalho está só no começo: ao todo, 2.600 novas árvores serão plantadas dentro do campus. Espécies da Mata Atlântica, como aroeiras, paineiras, araçás-vermelhos, pitangueiras, além de árvores de grande porte como olandi e guabiroba, vão compor a nova paisagem.

O projeto não se resume apenas ao plantio. Uma das principais metas é melhorar a qualidade da água dos córregos que cortam o campus e deságuam no manguezal do Itacorubi. Isso inclui a identificação e correção de irregularidades na rede de esgoto, trabalho que já alcançou mais de 90% das ligações internas, em parceria com a Prefeitura de Florianópolis e a Casan.

Além disso, a remoção de árvores exóticas e invasoras já está em andamento. Espécies como pinheiros, eucaliptos, casuarinas, goiabeiras e amoreiras estão sendo retiradas. Elas são consideradas prejudiciais por crescerem rapidamente e competirem com as espécies nativas, além de impactarem negativamente a fauna local.

O planejamento da recuperação leva em conta as características de cada pedaço do campus. Onde o solo é mais fértil e já há vegetação, o plantio é feito de forma isolada, com mudas espaçadas. Já em locais com solo mais compactado, como antigos estacionamentos e áreas muito urbanizadas, as mudas são plantadas em grupos, formando ilhas de vegetação que se protegem mutuamente e favorecem o crescimento.

Outra estratégia é apostar na regeneração natural, quando as condições do local permitem. Nesse caso, o trabalho é focado na remoção das espécies invasoras e na proteção da vegetação nativa que já começa a se recuperar sozinha.

O PRAD-TRI também prevê atividades permanentes de educação ambiental, que já vêm sendo realizadas através de mutirões, minicursos e ações da Semana do Meio Ambiente. A proposta é sensibilizar estudantes, servidores e moradores do entorno sobre a importância da preservação e da recuperação ambiental.

O desafio é grande, e os resultados não são imediatos. Levará cerca de 10 anos para que as mudas plantadas hoje se tornem árvores adultas e comecem a gerar sombra, frutos e abrigo para animais. No entanto, cada passo dado agora representa um investimento valioso no futuro de Florianópolis, na proteção dos recursos hídricos e na promoção de uma cidade mais verde, saudável e resiliente.

Com este projeto, a UFSC dá um exemplo de responsabilidade ambiental e mostra que é possível conciliar desenvolvimento urbano com cuidado com o meio ambiente. E, quem passa pelo campus, já começa a perceber a diferença — um futuro mais verde está nascendo bem no coração de Florianópolis.

Cuidado com o campus: plantio de árvores faz parte do processo de recuperação ambiental na UFSC

O trabalho de recuperação ambiental na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), dentro do Programa de Recuperação de Áreas Degradadas do Campus Trindade (PRAD-TRI), tem ganhado vida com o plantio de mudas nativas em diversas áreas. Mas esse processo vai muito além de simplesmente colocar uma muda na terra — envolve planejamento, técnica e, sobretudo, muito cuidado com cada detalhe.

Grande parte desse trabalho é conduzido pelas equipes da Coordenadoria de Manutenção das Áreas Verdes, que integra o Departamento de Manutenção Externa da Prefeitura Universitária (DME/PU). Quem lidera essas equipes é Edson Alves Pereira, que conhece profundamente cada pedaço do campus — não apenas por conta do trabalho, mas por sua própria história de vida ligada à UFSC.

“O processo de plantio começa com a preparação da área, abertura dos berços (cova), adição de composto orgânico e nutrientes, e só depois fazemos o plantio da muda. Também usamos tutores, como estacas de bambu, para ajudar no desenvolvimento e proteção da planta. E ao redor, fazemos o chamado ‘coroamento’, com material orgânico, que ajuda a manter a umidade e protege contra espécies invasoras”, explica Edson.

O cuidado com as mudas não termina após o plantio. Segundo o biólogo Allisson Barbosa, o acompanhamento das plantas ocorre por um período de pelo menos três anos. Durante esse tempo, são realizados serviços de irrigação, controle de pragas, remoção de plantas invasoras, adubação de reforço e, quando necessário, substituição de mudas que não vingaram. Pelo menos cinco trabalhadores da equipe de Edson permanecem dedicados continuamente às ações do PRAD-TRI.

Edson se emociona ao falar do trabalho e da relação afetiva com o campus. “Eu me criei aqui. Meu avô foi vigilante no Restaurante Universitário, minha mãe também trabalhou no RU, e duas tias se aposentaram na UFSC. Comecei a trabalhar aqui muito novo, como terceirizado, e depois passei no concurso. Já são mais de 30 anos. Esse campus é minha casa. Eu sinto que estou no lugar certo na vida. Cuidar dele, ajudar a trazer de volta a natureza, me deixa muito feliz”, relata.

PRAD-TRI envolve várias frentes da Universidade

Além das equipes de áreas verdes, a execução do PRAD-TRI envolve outras estruturas da Prefeitura Universitária (PU), como os times do Departamento de Manutenção Predial e Infraestrutura (DMPI) e do Departamento de Fiscalização de Obras (DFO), além do Departamento de Projetos de Arquitetura e Engenharia (DPAE), que seguem atuando nos projetos técnicos.

De acordo com o prefeito universitário Matheus Dalla Lana, os efeitos do PRAD serão percebidos inicialmente na reorganização de espaços do campus, especialmente com o cercamento e a proteção das Áreas de Preservação Permanente (APPs), a retirada de lavadores de carros em sete pontos e a demolição de edificações irregulares ou críticas. “Estes serão os impactos mais visíveis no curto prazo”, afirma.

O prefeito destaca também que estão previstas visitas técnicas às edificações do campus, com o objetivo de regularizar as instalações hidrossanitárias, o que inclui a construção de novas caixas de esgoto, desativação e aterramento de fossas irregulares e a criação de ligações corretas na rede de esgoto. As atividades também contam com o suporte do programa “Se Liga Na Rede”, que atua na orientação e regularização de ligações de esgoto.

Como surgiu o PRAD-TRI

O PRAD-TRI é resultado de uma sentença judicial emitida em 2014, decorrente de uma Ação Civil Pública movida em 2007 contra a UFSC. O processo teve origem na canalização e no aterramento de um curso d’água existente no campus da Trindade, intervenção realizada para a construção de blocos de ensino.

Após a decisão judicial, foram necessários vários anos de estudos técnicos, negociações e audiências de conciliação, até que o Instituto do Meio Ambiente (IMA) de Santa Catarina aprovasse o plano definitivo, em outubro de 2024.

O documento foi desenvolvido por um Grupo de Trabalho multidisciplinar, formado por representantes da Coordenadoria de Planejamento do Espaço Físico (Coplan), que integra o DPAE, da Prefeitura Universitária (PU) e da Coordenadoria de Gestão Ambiental (CGA). Após a aprovação, a PU formou um novo grupo responsável pela coordenação, monitoramento e execução das medidas previstas no PRAD.

Pela decisão, a UFSC tem 30 meses para concluir todas as ações do plano.

Desafio de curto prazo

A coordenadora da Coplan, Carolina Canella Peña, explica que a elaboração do PRAD precisou ser objetiva e austera, considerando as limitações orçamentárias, de pessoal e do próprio espaço físico. “Foi um desafio muito grande construir uma solução que fosse viável para a UFSC. Tivemos que trabalhar muito próximos ao Ministério Público Federal e ao IMA para garantir um projeto que pudesse ser cumprido. E ainda temos ajustes internos, diálogos e construções a serem feitos com toda a comunidade”, ressalta.

Ela também lembra que o prazo de menos de três anos é apertado, e o sucesso do projeto depende do engajamento de toda a comunidade universitária. “Essa é uma intervenção que traz resultados positivos para todos. Não é só cumprir uma obrigação legal, mas realmente transformar o campus em um ambiente melhor, mais saudável e mais bonito”, destaca.

O prefeito Matheus complementa que parte das ações exige processos licitatórios, como a demolição de estruturas e a contratação de serviços especializados, incluindo a regularização de esgoto e o monitoramento da qualidade da água. Estes trâmites são conduzidos pela PU e pela CGA e ocorrem paralelamente às demais atividades planejadas.

Um esforço coletivo pelo campus

O sentimento de pertencimento e responsabilidade com o campus é algo que move os trabalhadores envolvidos no PRAD-TRI. “Quando a gente fala em construir, construir área verde também é um tipo de construção. É um legado. Traz benefícios não só para a qualidade da água dos canais, mas para o uso do campus. A ideia é que possamos viver em um ambiente mais agradável, com mais fauna, mais verde, mais vida. Isso depende de todos nós”, reforça Carolina Peña.

O PRAD-TRI não é apenas uma obrigação judicial, mas uma oportunidade de reconectar a UFSC com suas raízes naturais e fortalecer o vínculo da comunidade universitária com o meio ambiente e com o próprio espaço que habita.

Foto: Reprodução-PRAD-TRI UFSC.

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