Empresas reavaliam doações: inclusão perde espaço, educação ganha força

Nos últimos tempos, muitas empresas têm repensado seu compromisso com a diversidade, equidade e inclusão (DEI). Gigantes como Amazon, Target e Meta estão reduzindo ou até abandonando iniciativas nessa área. E essa mudança não está só nas políticas internas — está atingindo também as ações filantrópicas corporativas.

Muitas empresas apoiam projetos de inclusão por meio de doações e fundações. Mas, segundo um novo estudo da The Conference Board, essa estratégia está mudando. O governo Trump trouxe um olhar crítico para a DEI nas empresas e, diante disso, muitos negócios estão ajustando suas prioridades para evitar problemas políticos e jurídicos.

Mudança de foco nas doações corporativas

As empresas estão reavaliando para onde direcionam seus recursos. Em vez de investir tanto em projetos voltados para igualdade racial e de gênero — que ganharam força após o assassinato de George Floyd —, a tendência agora é priorizar iniciativas ligadas à educação e ao crescimento econômico. Um exemplo disso foi o JPMorgan Chase, que lançou um programa de US$ 30 bilhões focado na equidade racial, incluindo doações e investimentos.

Mas essa mudança não acontece sem pressão. “As empresas têm liberdade para apoiar o que quiserem, desde que dentro da lei, mas estão sob os holofotes”, explicou Andrew Jones, pesquisador da The Conference Board. A preocupação com possíveis reações do governo ou ativistas está fazendo muitas empresas repensarem suas ações para evitar crises de imagem.

O impacto das novas regras

As empresas ainda estão tentando entender como as decisões do governo afetam suas práticas. Uma decisão da Suprema Corte dos EUA em 2023, que proibiu a política de ação afirmativa em universidades, também levantou questionamentos sobre programas corporativos focados em diversidade. Isso gerou processos como o da American Alliance for Equal Rights contra a Fearless Fund, que investe em empreendedores de minorias, alegando que um concurso de doações excluía grupos específicos.

Até o McDonald’s entrou na mira. A empresa foi processada por seu programa de bolsas de estudo para estudantes hispânicos, acusado de restringir a participação de pessoas de outras origens. Para evitar problemas legais, a rede de fast food decidiu mudar os critérios da bolsa, mas manteve seu compromisso com a comunidade latina.

Para onde vai a filantropia empresarial?

O que vem pela frente ainda é incerto. Muitas empresas, universidades e ONGs estão preocupadas em como manter seu compromisso com a diversidade sem correr riscos. “Se um programa de doações tem critérios baseados em raça, ele pode ser contestado judicialmente”, alertou Danielle Conley, especialista em direitos civis. A saída pode ser mudar a abordagem, direcionando os esforços para comunidades específicas em vez de usar critérios explícitos de raça ou etnia.

Mas nem todas as empresas estão recuando. Um levantamento da Associação de Profissionais de Cidadania Corporativa mostrou que 89% das empresas pretendem manter ou ampliar suas ações de impacto social. “Elas sabem que apoiar comunidades de baixa renda não é só uma questão social, mas também faz sentido para os negócios”, explicou Andrea Wood, CEO da organização.

Jamie Dimon, CEO do JPMorgan Chase, reforçou esse compromisso em uma entrevista à CNBC: “Vamos continuar apoiando comunidades negras, hispânicas, LGBT, de veteranos… Se formos avisados de que algo está errado, ajustaremos, mas não vamos parar.”

Empresas buscando um novo tom

Com a mudança no cenário político, as empresas estão ajustando a forma como comunicam seus projetos. Em vez de falar em “justiça social”, algumas estão adotando termos como “resiliência comunitária” e “oportunidade econômica”. A ideia é continuar promovendo inclusão, mas de um jeito menos controverso.

Essa mudança pode passar despercebida para o público, mas terá impacto nos bastidores. Programas de doações que combinam contribuições de funcionários podem ser afetados, e algumas empresas podem revisar as regras sobre quais instituições apoiar. “Está tudo sob análise agora”, concluiu Christen Graham, especialista em responsabilidade social corporativa.

No fim das contas, as empresas estão tentando equilibrar seus valores, as pressões políticas e os riscos jurídicos. O desafio é continuar fazendo a diferença sem entrar em conflitos que possam prejudicar sua reputação ou gerar processos judiciais.

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